Enquanto
associação nacional defende o trabalho da Polícia Civil, entidade estadual que
representa peritos papiloscópicos faz duras críticas à corporação
Paulo
Morato foi encontrado morto em Olinda no dia 22 de junho
Foto:
Sérgio Bernardo/JC Imagem
Renata Monteiro
rmonteiro@jc.com.br
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A
Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco informou, na última sexta-feira
(8), que ainda não há prazo para a divulgação dos resultados das perícias que
ainda estão pendentes na investigação da morte do empresário Paulo César de
Barros Morato. Após divulgar que a causa da morte de Morato foi intoxicação por
organofosforado, pesticida popularmente conhecido como chumbinho, a pasta
afirmou que faltavam ser concluídos os exames de imagens, papiloscopia,
químico, tanatoscópico e local de morte.
Desde
o dia 22 de junho, quando Paulo Morato foi encontrado sem vida no quarto número
dois do Motel Tititi, em Olinda, no Grande Recife, uma série de questionamentos
acerca do trabalho das Polícias Civil e Científica foram levantados pela imprensa
e associações ligadas à classe policial. Após a primeira polêmica envolvendo a
morte do empresário - quando um grupo de peritos papiloscopistas foi impedido
de realizar uma perícia complementar -, o secretário executivo de Defesa
Social, Alexandre Lucena, chegou a admitir uma “falha na comunicação” da equipe
que realizou as primeiras apurações, mas afirmou que o fato não interferiria no
resultado final da investigação.
O
perito criminal federal Assis Clemente, membro da Associação Nacional dos Peritos
Criminais Federais (APCF), corrobora a fala do secretário e diz que todo o
trabalho realizado pela perícia neste caso está em conformidade com as
instruções normativas que regem a profissão. “Com as informações que temos até
o momento podemos afirmar que a Polícia Civil fez um trabalho completo, onde
todos os requisitos necessários para o bom andamento dos trabalhos foram
realizados”, pontuou.
Sobre
o fato dos peritos terem sido impedidos de iniciar a perícia complementar,
Clemente afirmou que, de fato, ela não poderia mais ser realizada. Segundo o
perito, devido à falha na comunicação da equipe, o quarto do motel não foi
lacrado, impossibilitando o trabalho. “E se no intervalo entre o trabalho
policial e a nova perícia fosse adicionado ou retirado algum objeto do
quarto?”, questionou, lembrando que a solicitação das perícias é feita pela
autoridade policial - a delegada, neste caso -, não pelo perito.
De
acordo com Carlos Eduardo Maia, presidente da Associação dos Peritos
Papiloscopistas de Pernambuco (ASPPAPE), o perito papiloscópico designado para
o caso informou à equipe sobre a necessidade de novas análises no quarto. “Como
trabalhava à noite e em um ambiente interno, o perito chamado ao local
solicitou uma perícia complementar para o dia seguinte. Nenhuma impressão
digital foi coletada no dia em que o corpo foi encontrado. Ele informou isso
para delegada e para a perita, que disseram que não ouviram o que ele falou”,
cravou.
“Como
entendeu que o perito papiloscópico já tinha concluído o seu trabalho, a
perícia criminal acondicionou os dois copos e a garrafa de água encontrados no
quarto em um saco plástico, impossibilitando que impressões fossem
identificadas nos objetos. Além disso, o carro, os pen drives e demais itens
encontrados com o Morato não foram periciados”, concluiu Maia.
Paulo
Morato é um dos principais personagens da Operação Turbulência, da Polícia
Federal (PF), que investiga, entre outros fatos, um grupo criminoso que faria
caixa dois para abastecer campanhas políticas do ex-governador Eduardo Campos
(PSB).
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